quinta-feira, 27 de setembro de 2012

Reviver é viver!



Reviver é viver duas vezes. Poucas coisas na vida tem essa capacidade. O dom de reviver algo é limitado a poucas coisas. A música é uma dessas ferramentas celestiais, capaz de reviver momentos, épocas, fases, vidas inteiras. 

E foda-se o preconceito nesse momento. Quantas vezes choramos com aquela música que nos lembra de momentos tristes? Quantas outras vezes gargalhamos lembrando um dia alegre? Quantas vezes ao escutar aquela banda ou música você recorda da menina ou do menino? Daquele amor? Daquela decepção? Nossa vida é composta por trilhas sonoras.

Não importa o ano, o estilo musical, o importante é que a música tem o dom de tocar a emoção, de fazer o ser humano, humano novamente, entrega-lhe aos sentimentos. Torna- o criança novamente, torna o vovô um “jovem-guarda”, a vovó um “brotinho”. E ninguém fica parado... Se o corpo não dança a alma balança, e como balança!

Foi inevitável ao começar escutar Charlie Brown Jr  lembrar momentos únicos.  Da infância, da adolescência... Das noites por São Paulo aprontando e conhecendo um pouco da vida mundana. A ousadia e a burrice de roubar o vinho no empório e pichar alguns muros.  Aprender vivendo na pele que a madrugada é mais fria do que parece...

Que fumar na praia, ouvindo o som do mar rolar, pode ser bonita na música, mas dificilmente você vai encontrar a mulher da sua vida por ali. No máximo alguns problemas com as forças opressivas da cidade. E qual o preço que pagamos por ser dos poucos, mas dos loucos? E por que temos que estar  “na atividade”?  Quem nunca sonhou em andar de skate e ter uma tag? Ser reconhecido, ter status e ter o melhor tênis no pé!

Melhor que ter tudo isso é questionar que nada disso é preciso. Ser diferente é possível... Não preciso seguir padrões, modas, ter a marca do momento, ter o boot da moda... Não, eu tinha apenas a música. Reflexões para contestar e seguir um caminho diferente!

Aprendi a pensar, antes de querer! 

Reviver é viver pela segunda vez... Viva a música! Reviva a vida com ela!

quarta-feira, 26 de setembro de 2012

Realmente nada



Um belo dia ela acordou, e assim sem mais nem menos, nada mais existia.  Havia sua casa e nada mais. Suas coisas e nenhuma mais. Ela, somente ela e mais ninguém. Milhas e milhas de solidão.

A paisagem que existia além da sua janela, que ela nunca reparou existir, agora realmente não existia, somente era possível observar quilômetros e quilômetros de nada.

Sua casa humilde e que sempre lhe desagradou agora era única. Ela não podia mais reclamar dá pintura falha comparada com a casa da esquina. Ela não podia mais reclamar que tinha de lavar roupa na mão, pois no mundo nem roupa mais existia e nem motivo para usar havia. O pudor não existia mais, pois era ela é nada mais.

Ela não tinha marido, reclamava de ser sozinha, reclamava dos amigos que viviam lhe enchendo o saco, odiava visitas, mas a sensação de estar sozinha, somente ela e o nada, era esquisito. Tanto desejara estar assim que agora era verdade. E como era ruim a verdade de estar sozinho...

Era ruim ser única, era ruim ter desejado sempre aquilo, era ruim viver aquilo, era ruim, ela talvez se sentisse ruim... Mas como saber? Se nem alguém para comparação tinha mais. Não tinha como falar, nem a voz fazia sentido, enxergar, sentir, cheirar, paladar, nenhum dos sentidos tinha sentido. Era um mundo sem razão...

E ela sempre buscou ter razão de que o mundo era uma merda e somente ela bastava. E agora era insuportável a ideia de ser só. A solidão era um labirinto sem saída. Era estar presa numa liberdade sem fim. Ela podia fazer o que quisesse, não havia mais regras, que ela sempre odiou, não havia mais julgamentos, ela era o certo e o errado.

Era ela o agora, o futuro, se tornaria o passado, e seria novamente o presente. Ela era tudo como sempre quis. Era começo, meio e fim. Tudo isso em relação ao nada...

Nada, nada, nada, nada e nada. Infinitas vezes nada e nada mais faziam sentido... Ela começou a ter medo. Mas não havia nada a temer. Começou a chorar, sem motivo. Começou a ter saudade do que sempre quis longe, mas não havia nada a saudar. Queria comparação, barulho, trânsito, ser incomodada, ser provocada... Queria ser apenas mais uma e não mais a única.

Ás cinco para seis da manhã o relógio despertou, tomou banho e se trocou. Estava chovendo e as poças na rua esburacada em frente à sua casa incomodavam-na. Olhou para trás e a pintura da casa continuava horrível. O ponto lotado era o primeiro obstáculo do dia, o metrô lotado e que a cada estação aglomerava pessoas como uma sensação de enlatar as pessoas, piorava a situação. O itinerário do dia era atender milhares de clientes, sair do trabalho, encarar novamente o trânsito caótico, ir à faculdade e chegar em casa a meia noite e meia.   Mal comer, mal dormir... Cansaço, estresse... Pessoas, mais pessoas... Barulho e incomodo! Então pensou:

- Como é bom não ser sozinha! Como é bom! Muito bom! Rá Rá Rá Rá ...

Gargalhou loucamente o fato de existir o próximo!  Tudo nunca havia feito tanto sentido!

terça-feira, 25 de setembro de 2012

Banalmente Banal


As palavras não têm mais a função de ser palavra. Elas não dizem mais nada. Ao serem expressas estão banalizadas de tal modo que não expressam, são apenas lançadas ao vento... Jogadas assim de graça que passam despercebidas aos ouvidos e... Da alma.

É tão comum ouvir alguém dizer: “Te adoro”, e não estar adorando nada. Por pura ironia, e até mesmo, por dizer. Sim, palavras usadas em vão. O ‘adorar’ é utilizada para falar como “você é legal”, mas na essência a distância de significados é brutal. E uma palavra forte e mágica como adorar perder-se nos lábios de pessoas comuns que tornam palavras banais.

As pessoas passaram do limite de tornar as coisas comuns e estão tornando o mundo comum. Como é triste ouvir o menino ao desligar o telefone dizer: “Te amo”, como um “tchau”, e a menina responder com um “ Também”.  A expressão te amo virou um complemento, sem amor, sem intensidade, sem clima, apenas um “tchau”, como se  fosse comum amar. 

 Não, não há como tocar mais os sinos e dançar sem música de olhos fechados, com olho no olho da alma ao ouvir dizer: “Te amo”... Pois é capaz da pessoa dizer e sair andando, como um “até logo”, assim dançaria sozinho e ao abrir os olhos avistaria o nada, como nada quis dizer, e tantas vezes nada dizem milhares de coisas ditas pelas pessoas no dia a dia.

Agora fico na esperança de alguma mente brilhante inventar uma nova palavra para poder ter mais graça em traduzir o sentimento em palavra. Pois eu até amo, mas como dizer “Eu te amo” se todos dizem a todo o momento. Só que o que eu sinto não é comum, então não pode ser traduzido com essa palavra batida que todos usam e qualquer situação.

O mundo está sem sentido, às pessoas sem alma e as palavras sem significados...

 As cores estão perdendo a cor.

As músicas sem som.

A comida ficou sem gosto.

E amar virou apenas um adjetivo.

Então espero que saiba que ainda enxergo as cores, as músicas aqui todas estão bem sonorizadas e a comida é saborosa. O significado de amar você está me ajudando a descobrir e dar juntos um sentido ao mundo... Pelo menos tentar!

Ah, e meu amar não é um adjetivo. E muito mais que isso... Por isso não digo “te amo” ao desligar o telefone, pois em silêncio minha alma grita isso e somente os seus ouvidos incomuns podem escutar.

segunda-feira, 24 de setembro de 2012

Cada um na sua!



Se o Paulistano fosse carioca,
A bossa nova seria uma fossa.
Provavelmente Cristo Redentor
seria um edifício comercial,
e não me espantaria
se por lá existiria,
uns três caixas eletrônicos,
certamente um 24 horas.
Sim, Cristo teria que trabalhar dia e noite.
A praia seria mais longe,
só para ter trânsito.
bonde teria usuário na via,
filas imensas para o embarque,
e falhas no sistema.
O pão de açúcar,
seria algum shopping ou supermercado,
mesmo no alto,
talvez, espaço para o “aero trem”.
Certamente o paulista não puxaria o “s”,
Ao final das sílabas,
mal haveria tempo
para completar as palavras.
Tudo seria tão corrido,
que falaríamos por siglas.
 Ao invés da estátua
de Carlos Drummond de Andrade,
teríamos uma do Maluf?
Tudo bem, poderia ser Clarice Lispector!
As favelas seriam periféricas,
não teria o contraste,
de uma paisagem belíssima,
e uma favela, uma favela
e uma paisagem belíssima.
Alias, que paisagem belíssima?
Tudo seria tomado de arranha-céus,
não avistaríamos mais nada.
Do Arpoador a visão
seria de uma praia grande,
não do pequeno começo
de Ipanema.
Talvez, de um imenso Tietê.
Não teríamos Carnaval,
e sim uma imitação.
Rio 40 graus?
Não, não e não...
Teríamos garoa fina!
Sim, o Rio seria chato e solitário!

E se o carioca fosse paulistano?
Bom, seria tudo mais ou menos
Como Las Vegas,
Um grande cassino.
Mas pelo menos o
Carnaval seria real.

quinta-feira, 20 de setembro de 2012

Festa a fantasia



As festas do "Grand Monde", todas cheias, cheias de almas vazias. E me perdoem os parafraseados. Fui convidado para uma festa da alta sociedade, mas era tudo tão baixo. As presenças, sim eram muitas, todos famosos, mas me desculpem não sei os nomes. Eram presenças para marcarem presença. Puro jogo de status. Eram vários flash para um monte de sorrisos, todos vazios.

Era uma casa grande, bonita, aconchegante, mas todos estavam tão distantes ou só se aproximavam na certeza que aquele fulano de tal era o cicrano daquela emissora, daquele reality, daquele... Sim, o importante é o que cada um fez, não quem era quem, ao menos para os famosos de verdade. Alias se é que a fama tem algo de verdade.

Qualquer um bem vestido e despojado pode ser um famoso, todos eram suspeitos. Fato um tanto quando hilário. Uma boa careta e um ar de soberba, já causavam dúvidas nos convidados, nos famosos, aquela carinha de interrogação.

E no mundo de fantasia, uma data tão expressiva e marcante como a comemoração de aniversário passa a ser meramente coadjuvante das relações e busca por contatos do meio artístico, que de artista não tem nada, do meio aparecido, cairia melhor.

Não era uma festa, e sim, um evento. Das maquinas fotográficas profissionais dos profissionais. Dos filmadores profissionais que com a luz apropriada preenchia a falta de luz dos famosos. Dos sorrisos, um tanto quanto instantâneos e vazios para as fotos. Dos beijos e acenos para a câmera. Dos quitutes de tomate seco com gorgonzola ou patê de ricota com azeitona... ECA! E os champanhes caríssimos... Que não me pergunte como deixam as celebridades alteradas, pois alterado deveria ser o produto que não tem gosto de nada... Fico com a cervejinha!

Fico com as festas em um cômodo, onde todos, amontoados sentem um o calor do outro, conversam todos, todos estão ali por estarem, não pelo conforto. No cardápio pão com salsicha, carne louca, salgadinhos normais como enroladinho e coxinha. Refrigerante da marca mais barata ou do suco de saquinho. Sim, minha festa é para os amigos, não para os famosos, são para as máquinas fotográficas particulares, aquelas compradas à prestação, outras ainda de filme, das que saiam as melhores fotos de sorriso felizes.  Uma festa cheia de anônimos, mas de amigos. Pois meia dúzias sentados na minha sala no sofá rasgado e apertado estarão ali de verdade, simplesmente por gostarem de mim. 

Diferente de uma imensa casa, com vários convidados importantes, que não se importam com o anfitrião e sim se o flash vai ser publicado em algum veiculo mediático.

O que sei de imediato é que desejo um bom mundo irreal dos sorrisos vazios, dos bem vestidos e pelados de alma. Eu irei continuar com meu churrasco no quintal de casa com cerveja e vodca ruim, pelo menos aqui eu garanto os sorrisos serão originais, ou melhor, sinceros e terei presenças de corpo e alma. E a música, todos escolhem, somos o DJ, alias somos a festa.

Não estou falando de classe social e, sim,  da falsidade social.