Hoje eu visitei a faculdade. Para quem nunca foi saudosista,
quanta vontade de voltar no tempo.
A faculdade é a mesma, alguns bancos de madeira entre as
pilastras e vasos de plantas a diferem do nosso tempo.
O inspetor é o mesmo, o Antenor, o bigode ganhou alguns fios
brancos. Veste terno e gravata, com sotaque e a simpatia de sempre. Às sete
horas em ponto ele vai para o andar térreo, mais conhecido como zero e badala
algumas tantas vezes o velho sino, que foi abençoado pelo Papa João Paulo II,
como reza a lenda.
As portas da escada fazem aquele barulhão quando soltas, mas
não somos mais nós que nos descuidamos e provocamos o estrondo.
Caminhei pelos corredores e, em meio a tanto sinais, não
havia o nosso cheiro. Tinham muitas vozes e falatório, mas não éramos nós que
papeávamos pelas dependências da instituição. As salas estavam todas cheias e
nenhuma delas tinha vocês. Tudo estava tão vazio.
Fechei os olhos e desejei que estivessem atrasados e em que
a qualquer momento chegariam, iramos fazer piadas, rolaria convites para
cabular aula ou ir ao bar, talvez, simplesmente, ficaríamos à toa encostados na
sacada para o Antenor reclamar.
Ao abrir os olhos, um professor me desejou um “bom
semestre”. Ele já havia nos dado aula. Percebi que o tempo passou.
Alguns dos professores o tempo há de levar e o esquecimento
chegar, já outros, levaremos conosco. Mas vocês, não. Em uma tarde qualquer de
alguma estação irei lembrar, contar casos e sentir saudades de tudo que
passamos juntos. Talvez, isso ocorra junto a um de vocês e não importa quando
vai acontecer, mas irá. As lembranças serão as melhores.
Saí da faculdade, olhei para trás e senti que não éramos
mais alunos. No caminho ao metrô, até os bares estavam tristes sem a gente e,
ao mesmo tempo, cheio de histórias que, por lá, vivemos. Era coisa da sétima
arte, tudo passava como se fosse ontem. Respirei fundo, suspirei e segui com o
intuito de um dia voltar ao lugar que vocês sempre me fizeram sorrir.
O tempo, meus caros, não volta mais. Mas também não terá
como apagar a nossa história. Para quem não gosta de sentir, restou-me a
saudade ao menos por hora.